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Nada mais sou do que uma jornalista pernambucana, em busca de experiências e boas histórias para contar.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

No verão, Maracaípe não é só sol e mar... História e aventura também!

Tudo começa com a maré baixa

Seguindo o rastro do mar e o som das ondas da praia de Maracaípe, partimos para refazer o caminho da história perdido entre os segredos da natureza. A praia, que em tupi guarani, significa rio que canta, por conta do som provocado pela pancada da água na vegetação do mangue, tem cravada em seu passado os grilhões do tráfico de escravos.

Quando foi decretada no Brasil, em 1850, a lei Eusébio de Queirós que proibia o tráfico de escravos no país, os traficantes abriram duas trilhas. Uma para ser usada na maré baixa, outra com o mar cheio. Refazer o caminho de cerca de cento e cinquenta anos requer disposição, espírito de aventura e coragem para encarar as surpresas da natureza.

Os negros desembarcavam no Pontal de Maracaípe e seguiam com os feitores por dentro do manguezal. A fartura e o tipo da flora, explica porque esse foi o caminho escolhido pelos contrabandistas. Para os aventureiros e curiosos do hoje proteger-se do sol e dos mosquitos é fundamental.

Para os desavisados a fauna exuberante pode dar medo e andar na lama parece mesmo tarefa só para caranguejo. Além dos traficantes o caminho também era usado por outros habitantes. Como os jesuítas que aproveitavam a maré cheia para batizar os índios Caetés que povoavam a região. Hoje os que querem apenas um contato mais íntimo com a natureza e a história recolhem os restos dos que não sabem contemplar sem degradar.


Igreja do Outeiro

Depois de andarmos meio quilômetro pelas vielas do mangue, entramos no caminho da mata atlântica. Até a Igreja do Outeiro, local onde os atravessadores aguardavam os negros, mais um quilômetro e meio.

As folhas secas tomam conta da trilha. O esconderijo perfeito para cobras também é o alimento da mata. E ela presenteia o homem com cactos, bromélias, árvores, frutos e folhas exóticas. Do alto da igreja, avistamos o Pontal de Maracaípe, a Ilha de Santo Aleixo e Porto de Galinhas.


Banho refrescante

Chega a hora de descer e conhecer a segunda trilha utilizada pelos traficantes quando a maré estava alta. Fazemos o caminho inverso dos escravos. Primeiro avistamos e percorremos toda a exuberância da mata atlântica, no chamado Túnel dos Escravos. Depois nos refrescamos no Banho das Serpentes. Lugar onde os navios atracavam e os negros eram desembarcados.


De volta pra casa

O caminho de volta só existe um. Pelo meio do mangue e nesse momento com a maré cheia. Uma aventura e tanto para os que não se preocupam em ver onde e em que estão pisando.

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